Costuma dizer-se, citando o Dr. Kennell que “se a doula fosse um remédio, seria antiético não a prescrever.”
Doula é uma pessoa, não necessariamente com formação na área da saúde, cujo propósito é apoiar a grávida e o casal na gravidez, no parto e no pós-parto, transmitindo informação cientificamente fundamentada e prestando apoio emocional e físico durante essas fases.
Algumas funções da doula:
- Apoiar a mulher e o casal a alcançarem os seus desejos para o parto, nomeadamente através da elaboração de um plano de parto;
- Abordar, junto do casal ou da mulher grávida, temas como a fisiologia do parto, a dor do parto, os medos e os receios quanto à gravidez, parto e pós-parto, as suas expectativas, o papel do pai durante todas estas fases, a preparação para a amamentação, entre outros temas, adequando-se sempre à necessidade de informação do casal.
- Estar on call 24/7, para esclarecimento de dúvidas, aconselhamento sobre eventuais acontecimentos durante a gravidez, e para poder agir chegado o momento em que se inicia o trabalho de parto;
- Utilizar métodos naturais de alívio da dor, como o rebozo, ou de conforto, como o leque;
- Usar técnicas de relaxamento e massagem;
- Conhecer as várias fases do trabalho de parto, e saber como prestar apoio físico e emocional em cada uma;
- Prestar apoio à família no pós-parto, reduzindo as preocupações das mães e dos pais, para que se possam focar no bebé;
Não se enquadra no âmbito de competências de uma doula:
- Dar aconselhamento clínico
- Prestar apoio médico
- Realizar actos de enfermagem
- Tomar decisões pela grávida que acompanha
Benefícios do acompanhamento por uma doula:
- Redução do número de cesarianas desnecessárias;
- Redução do número de partos instrumentado;
- Redução da duração do trabalho de parto;
- Redução da utilização de analgesia;
- Melhoria da satisfação no parto.
A Biblioteca Cochrane conclui, numa revisão sistemática, que: “o apoio contínuo durante o trabalho de parto pode melhorar os resultados para mulheres e bebés, nomeadamente o aumento do parto vaginal espontâneo, menor duração do trabalho de parto, diminuição do número de cesarianas, parto vaginal instrumental, uso de analgesia, índice de apgar em cinco minutos e sentimentos sobre experiências de parto.” Também a Organização Mundial de Saúde recomenda o apoio contínuo durante o parto, recomendação reforçada na última actualização feita ao documento “Intrapartum Care for a Positive Childbirth Experience”.
*Uma doula não tem necessariamente formação académica na área da saúde, bastando para tal que frequente uma formação.
**Em Portugal não há regulamentação desta profissão, razão pela qual é preciso ser-se criterioso na escolha de uma doula.
***O acompanhamento por uma doula NÃO SUBSTITUI o acompanhamento da gravidez por profissionais de saúde competentes, como enfermeiros (EESMO) ou médicos obstetras.